Abram alas para o Mugabe

Não consigo entender como é que a organização da cimeira UE-África não se informou sobre o evento infantil no Pavilhão Atlântico previsto desde o ínicio do ano para evitar escolher essa data. Souberam cortar estradas, chamar polícia de todos os cantos do país. Souberam ocupar os aeroportos. Mas não souberam respeitar as crianças que iam ver o amiguinho Noddy num novo espectáculo didáctico.
Eu comprei os bilhetes para levar a minha afilhada antes do verão. Quando me apercebi da confusão que ia ser ir para o Parque das Nações no sábado, pensei em desistir, esquecendo o dinheiro já gasto. Mas como é que eu explicava a uma criança de 4 anos (quase 5) que já sabia que tinha bilhetes e que andava a pensar no assunto há duas semanas que não era fácil chegar até ao Noddy, que não íamos ter lugar para o carro, que os transportes públicos iriam estar uma grande confusão porque os senhores presidentes e ministros são mais importantes do que milhares de crianças? Como lhe explicava que a polícia tem como única missão parar o trânsito para os carros blindados dos senhores presidentes passarem não se podendo distrair para ajudar as crianças a atravessar na passadeira?
Felizmente, arranjámos solução, não levando o carro para perto da confusão. Correu tudo bem, apesar das manifestações que apanhámos entre a gare do Oriente e o Centro Comercial Vasco da Gama. A minha amiga e eu mostrámos as míudas que havia muitos "Senhores Lei" mas não lhes explicámos que eles não estavam ali para ajudar o povo, mas sim para proteger os bandidos.
Tive pena de constatar os lugares vazios no Pavilhão, os lugares daqueles que preferiram não ir para o meio da confusão. Imagino aquelas crianças que não tiveram a sorte de ver o espectáculo, um momento de diversão e de aprendizagem que perderam. Revolta-me ver como desrespeitam crianças e depois ainda falam em direitos humanos. Deviam todos ter vergonha!